Por que filho do Vento?

Em uma análise acerca de quem eu desejava ser e na procura por aquilo que me servisse de padrão e modelo a ser seguido encontrei o Vento.

O primeiro pensamento é sua consequência pelos caminhos ultrapassados, ele nunca deixa as coisas da mesma forma que encontrou, onde um vento passa ele sempre muda as coisas e deixa impressa sua marca. A única variável nesta questão pode ser a intensidade de suas alterações e quão perceptível elas são, mas no fim tudo é transformado por onde passa o vento. E interessante é que mesmo quando ele não é visto suas transformações chegam até nós.

Um segundo pensamento foi sobre a ligação entre vento, alma e espírito. Na cultura judaica o vento está totalmente ligado ao espírito humano, tanto que espírito e sopro em hebraico são as mesmas palavras... E na busca por palavras que falassem em específico da alma humana e de suas atitudes e do espírito humano e suas manifestações encontrei a saudosa Hannah Arendt.

Hannah difere trabalho, obra e ação. E coloca trabalho e obra como algo efêmero e que apenas nos assemelha a outros, algo ciclico que não leva a nenhuma evolução e ação como algo que fazemos e afirma e constroi nossa identidade como humanos, pois trabalho e obra são resultado do totalitarismo da sociedade. 

Então, conclui que, Filhos do vento agem, tem sua própria identidade, não se prendem às regras totalitárias da sociedade e buscam agir, não apenas trabalhar e contruir obras que durem um pouco mais, mas agir, formando uma identidade humana e deixando marcas pelo seu caminho. Hannah também coloca que ações são manifestações do espirito, o homem sem espirito não age, apenas trabalha. E os filhos do vento são pessoas que vivem no espirito, dai lembro que Hannah era judia e que espírito e vento são a mesma palavra em hebraico.

Agora coloco uma citação de Hannah: "Ser humano e ser livre são, então, uma única e mesma coisa. E homens e mulheres são livres apenas quando agem, nem antes, nem depois; pois 'ser livre e agir são o mesmo'."

Um terceiro pensamento é a origem e finalização de um filho do Vento: Não se sabe onde começa o vento e nem onde ele termina, alguém que age pelo espírito e que produz ações transformadoras não se limita, nem mesmo com sua morte, nunca se sabe onde ele termina. Pessoas que produziram ações que não terminam e que não tiveram um exato começo são: Martin Luther-King, Nelson Mandela, Che Guevara, Karl Marx, e tantos outros...

Alguém que deseja ser um produtor de ações deve espelhar-se naqueles que produziram antes e se inspirar pelo caminhos que estas ações anteriores tomaram...


Convido-lhe a ser um Filho do Vento, um agente de transformação e revolução e, como diz Hannah, livre.

Amo vossos corações mesmo que não amem o meu.
Uli Teffann